Skip to main content
Cisternas – Programa de distribuição de cisternas e acesso à água
Indivíduos
#1
Programas
Abrangência:
Relevancia para:
Crianças e adolescentes
Mulheres e meninas

Descrição

O programa consiste na promoção do acesso à água para consumo humano, produção de alimentos e dessedentação animal, por meio da implementação de tecnologias sociais de acesso à água a famílias rurais de baixa renda e escolas públicas rurais.

A principal tecnologia apoiada é a cisterna de placas de 16 mil litros, que consiste em um sistema de captação de água da chuva, associado a um reservatório para armazenamento de água. O Programa surgiu para atender demanda localizada sobretudo na região semiárida brasileira (compreendendo o nordeste de Minas Gerais e o sertão da região Nordeste), mas ao longo dos anos foi adaptando tecnologias para atender outras regiões rurais afetadas pela seca ou falta regular de água de qualidade, incluindo comunidades indígenas e povos tradicionais da região Norte.

Atualmente, o Programa dispõe de um portfólio de mais de dez tipos de tecnologias, com quase 30 variações, voltadas para o consumo humano, produção de alimentos ou ambos.  

O Programa é liderado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) (que durante o período 2019-2022 foi designado Ministério da Cidadania (MC), que se articula com outros ministérios (como por exemplo, o Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Saúde), bancos públicos e fundações, para garantir complementariedade com outras políticas públicas de acesso à água e saneamento.

Esse protagonismo do MDS, e não por ministérios com mandato mais específico sobre temas de infraestrutura, deve-se sobretudo à intrínseca relação entre a pobreza multidimensional e à falta de acesso à água, sobretudo em regiões mais vulneráveis, a exemplo das regiões semiárida e amazônica, que integram a maior concentração de populações rurais de baixa renda no país. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, por exemplo, ocupa-se com atividades que beneficiem toda uma região (como canais de irrigação ou expansão da infraestrutura de água tratada e esgotamento). O Programa Cisternas, por sua vez, tem uma focalização mais específica em indivíduos ou famílias, geralmente localizados de forma isolada no território e sem alternativas adequadas para acessar água em quantidades adequadas para a segurança alimentar e nutricional.  

Há também envolvimento de bancos públicos e fundações, a exemplo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Fundação Banco do Brasil (FBB), parceiros históricos na implementação de tecnologias sociais de acesso à água.  

A identificação das áreas de atuação prioritária ocorre a partir do levantamento de dados junto ao Cadastro Único, associado a indicadores de insegurança alimentar e insegurança hídrica.  

Importante destacar que o modelo atual de execução foi instituído a partir da Lei nº 12.873, de 2013, atualmente regulamentada pelo Decreto nº 9.606, de 2018.

Nesse contexto, a implementação das tecnologias sociais envolve amplo processo de descentralização, em um primeiro nível a partir de parcerias com entes públicos (Estados, Consórcios Públicos ou Prefeituras) e organizações da sociedade civil, e em um segundo nível a partir da atuação de entidades privadas e cooperativas previamente credenciadas e contratadas pelos parceiros do MDS. 

Abrangência

Regiões afetadas pela seca ou pela falta regular de água de qualidade, em especial o semiárido brasileiro e a Amazônia. 

Nome dos componentes ou subcomponentes
  • Água para Consumo;
  • Água para Produção;
  • Água na Amazônia. 
Órgão gestor na esfera da União (autorizador de despesa)

Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – MDS (que durante o período 2019-2022 foi designado Ministério da Cidadania – MC). 

Principal parceiro implementador na esfera do município

Entes públicos (Estados, Consórcios Públicos e Prefeituras) e Organizações da Sociedade Civil (OSC). 

Data de início da iniciativa

2003, concentrada no semiárido, com expansão para outras regiões a partir de 2012. 

Data de encerramento da iniciativa

Ainda em continuidade. 

Tipologia(s) descritiva(s) da iniciativa

Garantia de direitos e inclusão produtiva a partir de tecnologias sociais de acesso à água. 

Condicionalidades

Não existe condicionalidade, porém a implementação das tecnologias é feita a partir de processo formativo com orientações para a autogestão e a autonomia na operação e manutenção dos equipamentos. 

Grupos alvos/ critérios de elegibilidade

População de baixa renda, considerada aquela com renda per capita até meio salário-mínimo, atingidas pela seca ou falta regular de água. A região de cobertura prioritária é a do semiárido brasileiro, embora outras regiões rurais do brasil também sejam elegíveis (havendo inclusive destaque para regiões de habitação indígena ou de outros povos tradicionais na Amazônia). 

Mecanismos de verificação de elegibilidade e o papel de registros administrativos e outras bases de dados

Para serem elegíveis, as famílias devem estar inscritas no Cadastro Único (ou então terem perfil para registro no Cadastro), com renda per capita até meio salário-mínimo. Além disso, também deve ser caracterizada a falta de acesso regular à água para consumo ou produção de alimentos. 

Estimativa de cobertura da iniciativa

Acumulado de Cisternas entregues em dezembro de cada ano, por modalidade de entrega do Programa Cisternas 

 

 

Ano 

Soma de Cisternas 

familiares de água para 

consumo (1ª água) 

entregues pelo 

MDS 

(Acumulado)

Soma de Cisternas 

familiares de água para 

produção (2ª água) 

entregues pelo 

MDS 

(Acumulado)

Soma de Cisternas 

escolares 

entregues pelo 

MDS 

(Acumulado) 

Total 

2003 

8.517 

 

 

8.517 

2004 

34.662 

 

 

34.662 

2005 

35.859 

 

 

35.859 

2006 

71.707 

 

 

71.707 

2007 

40.862 

 

 

40.862 

2008 

30.068 

647 

 

30.715 

2009 

69.267 

3.180 

 

72.447 

2010 

40.363 

5.569 

 

45.932 

2011 

89.329 

2.206 

 

91.535 

2012 

80.441 

9.844 

18 

90.303 

2013 

111.532 

30.368 

88 

141.988 

2014 

106.790 

42.307 

1 

149.098 

2015 

82.125 

32.143 

1.935 

116.203 

2016 

61.398 

14.084 

1.454 

76.936 

2017 

42.270 

11.330 

2.108 

55.708 

2018 

24.223 

7.577 

1.074 

32.874 

2019 

26.457 

5.232 

614 

32.303 

2020 

7.188 

843 

279 

8.310 

2021 

3.613 

592 

100 

4.305 

2022 

5.070 

856 

20 

5.946 

2023 

4.445 

0 

0 

4.445 

Total 

976.186 

166.778 

7.691 

1.150.655 

Fonte: MDS/SESAN – SIG Cisternas. 

 

Descrição dos benefícios

Há distribuição dos três seguintes tipos principais de tecnologias:

  • Primeira Água e Escolares: tecnologias voltadas para água de consumo humano, majoritariamente, sendo as principais a cisterna de placas de 16 mil litros e as cisternas escolares.  
  • Segunda Água: tecnologias voltadas para a produção de alimentos e a dessedentação animal, sendo as principais as cisternas de 52 mil litros, barragens subterrâneas e barreiros trincheira.  
  • Programa Cisternas na Amazônia, inclui tecnologias adaptadas às especificidades do acesso à água na região amazônica, integrando sistema de captação e armazenamento de água com instalação sanitária domiciliar, mais conhecidos como sistemas pluviais multiuso. 
Meios de entrega do benefício

As cisternas e outras tecnologias sociais de acesso à água são entregues/ instaladas na residência da família ou nas escolas públicas, quando for o caso.

Orçamento/ gasto anual

Gastos totais do Programa Cisternas a cada ano. Valores nominais pagos

 

*Valores não disponíveis  

Fonte: SIOP – Painel do Orçamento Federal.

Ano 

Valores pagos 

2003 

* 

2004 

* 

2005 

R$ 63.258.790 

2006 

R$ 60.997.398 

2007 

R$ 55.522.102 

2008 

R$ 74.144.855 

2009 

R$ 81.674.728 

2010 

R$ 157.613.613 

2011 

R$ 314.575.140 

2012 

R$ 617.009.072 

2013 

R$ 366.287.056 

2014 

R$ 714.145.695 

2015 

R$ 191.223.711 

2016 

R$ 540.083.119 

2017 

R$ 130.517.904 

2018 

R$ 117.602.642 

2019 

R$ 97.653.111 

2020 

R$ 22.578.307 

2021 

R$ 36.088.510 

2022 

R$ 37.914.579 

2023 

R$ 252.028.699 

 

*Valores não disponíveis

Fonte: SIOP – Painel do Orçamento Federal. 

Achados positivos referentes à eficiência da iniciativa

Há estudos que sugerem impactos na diminuição do tempo e do esforço familiar para obtenção de água, redução da ocorrência de doenças de veiculação hídrica, aumento da frequência escolar e aumento do peso ao nascer5,6,7,8,9,10  e aumento da renda das famílias beneficiárias3.

Publicações da Embrapa demonstram a viabilidade de irrigar pequenos canteiros com a água da cisterna no longo período de seca do semiárido, e sugerem impactos desejáveis sobre a segurança alimentar das famílias1,4.

Por fim, também são mensurados resultados diretos na ampliação da renda dos beneficiários de tecnologias de água para produção3, sendo que, mais recentemente, estudo apontou que mesmo a cisterna de água para consumo aumenta a probabilidade de os beneficiários estarem empregados e promove o aumento nos rendimentos do trabalho2.

  • Há estudos que sugerem impactos na diminuição do tempo e do esforço familiar para obtenção de água, redução da ocorrência de doenças de veiculação hídrica, aumento da frequência escolar e aumento do peso ao nascer5,6,7,8,9,10e aumento da renda das famílias beneficiárias3.

  • Publicações da Embrapa demonstram a viabilidade de irrigar pequenos canteiros com a água da cisterna no longo período de seca do semiárido, e sugerem impactos desejáveis sobre a segurança alimentar das famílias.1,4

Por fim, também são mensurados resultados diretos na ampliação da renda dos beneficiários de tecnologias de água para produção3, sendo que, mais recentemente, estudo apontou que mesmo a cisterna de água para consumo aumenta a probabilidade de os beneficiários estarem empregados e promove o aumento nos rendimentos do trabalho2.

 

Aspectos mais relevantes voltados para crianças e adolescentes

O programa possui os seguintes critérios de priorização adicionais: a) famílias chefiadas por mulheres; b) famílias com crianças de 0 (zero) a 6 (seis) anos; c) famílias com crianças e/ou adolescentes frequentando a escola; d) famílias com adultos com idade igual ou superior a 65 anos; e) famílias com deficientes físicos e/ou mentais. Além das componentes de consumo e produção familiar gerarem impactos desejáveis na segurança alimentar e frequência escolar por si só, este último efeito é possivelmente potencializado pela existência de uma componente específica para abastecer escolas públicas com cisternas que mitiguem seu acesso à água. 

Aspectos mais relevantes voltados para a inclusão de mulheres e meninas

Além de oferecer prioridade de acesso a famílias chefiadas por mulheres, há também regras de governança que priorizam a participação feminina junto aos órgãos da sociedade civil que operam o programa no nível local. 

Principais pontos de intersetorialidade da iniciativa

O diagnóstico social para priorização das pessoas beneficiadas depende de registro das famílias junto ao Cadastro Único e se baliza pelas informações declaradas neste registro, muito embora a negociação de fundos junto ao MDS e realização de parcerias para entrega das cisternas seja de responsabilidade de entes públicos e da sociedade civil, que em muitos contextos possui perfil misto entre assistência social, desenvolvimento rural e agrário e especialistas em infraestrutura.  

Na esfera do governo federal, a interlocução do MDS com outros órgãos ocorre como forma de viabilização de recursos, sobretudo para atender demandas específicas (como no caso de quilombolas ou indígenas) e para coordenação com outras políticas (habitação rural, direitos difusos, etc). 

Medidas adotadas pela iniciativa durante a pandemia de Covid

Não houve adaptação específica. 

Referências

  1. Brito, Luiza Teixeira de Lima, Nilton de Brito Cavalcanti, Lúcio Alberto Pereira, João Gnadlinger, e Aderaldo de Souza Silva. 2010. “Água de chuva armazenada em cisterna para produção de frutas e hortaliças”. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/879623/agua-de-chuva-armazenada-em-cisterna-para-producao-de-frutas-e-hortalicas.

  2. Britto, G. C. Diogo; Carillo, Bladimir; Sampaio, Breno. 2021. "Análise de impacto do programa cisternas 1ª água sobre indicadores de mercado de trabalho. https://www.gov.br/sudene/pt-br/centrais-de-conteudo/ted0172020-produto2.pdf.

  3. Casagrande, Dieison, Lucas Emanuel, Carlos Eduardo de Freitas, Alex Lima, Fábio Nishimura, e Felipe Oliveira. 2021. “Tecnologias Sociais e Renda: Evidências do Programa Cisternas. Segunda Água no Brasil”. https://www.anpec.org.br/encontro/2022/submissao/files_I/i12ac57d2d948a7eddeb19455c94b7f857b.pdf

  4. Ferreira, Elvis Pantaleão, Luiza Teixeira de Lima Brito, Tarcizio Nascimento, Fernando Cartaxo Rolim Neto, e Nilton de Brito Cavalcanti. 2016. “Uso eficiente da água de chuva armazenada em cisterna para produção de hortaliças no Semiárido pernambucano”. Revista verde de agrtoecologia e desenvolvimento sustentável 11. Abril. https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/view/4035.

  5. Pereira, Maria Cecília Gomes. 2016. “Água e convivência com o semiárido: múltiplas águas, distribuições e realidades”. https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/17062.

  6. Duque, Ghislaine. 2015. “Água para o desenvolvimento rural: a ASA e os Programas P1MC e P1+2. Desafios da participação sociedade civil – governo”. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/232410

  7. Luna, Carlos Fitosa Luna. 2011. “Avaliação do impacto do programa um milhào de cisternas rurais (P1MC) na saúde: ocorrência de diarréia no agreste central de Pernambuco”. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/10660.

  8. Arsky, Igor da Costa. 2020. “Os efeitos do Programa Cisternas no acesso à água no semiárido”. https://revistas.ufpr.br/made/article/view/73378.

  9. Filho, Naércio-Menezes, e Elaine Toldo Pazello. 2008. “Avaliação Econômica do Projeto 1 Milhão de Cisternas – P1MC”.https://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/sitefebraban/Apresenta%E7%E3o%20Naercio%20Menezes%20-%20avalia%E7%E3o-P1MC.pdf.

  10. Da Mata, Daniel; Emanuel, Lucas; Pereira, Vitor; Sampaio, Breno. 2023. Climate adaptation policies and infant health; Evidence from a water policy in Brazil. Journal of Public Economics. Vol. 220. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0047272723000178